Thursday, December 07, 2006

Paraíba de Fora

João Paulo Medeiros

A decisão sobre a obrigatoriedade ou não do diploma profissional de jornalista continua pendente. Depois de a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) ter pressionado o Tribunal Regional Federal a rever em outubro a determinação que dispensava a obrigatoriedade, o Supremo Tribunal Federal (STF) colocou novamente lenha na fogueira: instituiu na semana passada uma medida cautelar permitindo o exercício da profissão por pessoas não habilitadas que já possuíam o registro.

Mas os dois fatos tiveram para nós, jornalistas ou quase jornalistas paraibanos, duas facetas. Uma de causar encantamento, outra desoladora.

Primeira: A determinação do STF desembocou uma onda de protestos nunca vista antes. Profissionais saíram às ruas de Norte a Sul do país para demonstrarem a indignação da categoria frente à medida. Os Atos deixaram transparecer um sentimento de união, historicamente ausente da conduta dos jornalistas brasileiros.

Gaúchos levantaram um jornal enrolado como canudo, simbolizando um diploma universitário na abertura do II Encontro Estadual de Jornalistas em Assessoria de Comunicação; no Pará estudantes e profissionais de redações realizaram panfletagem nas ruas e na Câmara de vereadores de Belém; em 1º de dezembro jornalistas baianos deixaram suas atividades e manifestaram sua insatisfação em frente à OAB do Estado; semelhantes a eles, profissionais de Minas, Santa Catarina, cearenses paraenses e cariocas organizaram passeatas e manifestações em seus estados para também darem suas parcelas de contribuição na empreitada.

Segunda: Apesar de manter um dos pisos salariais mais decadentes do Brasil, e de ter com freqüência a liberdade condicionada ao extremo pela elite política e econômica do Estado, os jornalistas paraibanos permaneceram alheios à problemática. Não se viu ou ouviu nem mesmo uma nota a respeito do assunto.

Entidades representativas da categoria como a Associação Paraibana de Imprensa (API) e a Associação Campinense de Imprensa (ACI), coordenadores dos Centros Acadêmicos de Jornalismo e das Universidades de Comunicação do Estado não esbravejaram uma só palavra em repúdio à resolução tomada pelo STF.


Daí deduz-se. Num momento em as Instituições acadêmicas e o compromisso com a informação de qualidade se vêem ameaçadas, e que mesmo tardiamente os jornalistas do país decidem arregaçar as mangas para correrem atrás de seus direitos, o nosso Estado fica novamente fora do que acontece além de suas fronteiras. E, por conseqüência, muito provavelmente os profissionais daqui irão prosseguir amargando o descaso e a ignorância dos empresários do setor. Sofrendo os efeitos de um campo de trabalho estagnado e sem perspectivas.

3 Comments:

At 3:42 PM, Blogger Givanildo Santos said...

É isso aí JP.
Seu texto está cada vez melhor.

Não precisa ser nenhum especialista na área pra saber por que, o descaso paraibano na questão da obrigatoriedade do diploma ou não, no exercício do jornalismo.

O Aguiar foi enfático em sua entrevista, no JORNALISMO PARAIBANO, quando diz que é preciso que algum órgão habilite o profissional.
Concordo,mas vale salientar que as vagas disponíveis no mercado, bem como as que surgirão, estão reservadas para aqueles que tem competência, não basta apenas o canudo.

 
At 4:27 AM, Blogger Márcio S. Sobrinho said...

Falastrão: o que falta aos jornalistas e entidades locais: consciência ou articulação?

 
At 4:57 AM, Blogger Lenildo Ferreira said...

Rapaz, é assim mesmo, aqui na Paraíba não existe mais nada de Jornalismo real, nem mesmo a classe como entidade representada.. o que há aqui são meros repassadores de informações chuchus.. e nessa sua relação de inertes aí, vale destaque p o sempre ausente Sindicato dos Jornalistas da Paraíba.

 

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