A desconfiança dos brasileiros
João Paulo Medeiros
Há tempos que o brasileiro deixou de depositar nos políticos a sua confiança. Uma pesquisa realizada por alunos da Universidade de Brasília (UNB) constatou que 90,1% dos brasileiros não acreditam mais na classe política do país.
Também não é para menos. A cada dia estouram escândalos e mais escândalos de corrupção encabeçados por deputados, senadores, prefeitos e demais ocupantes de cargos públicos.
O resultado desses golpes contra o Estado e o povo do Brasil são cifras infindáveis de dinheiro público jogados à sarjeta, em detrimento das condições mínimas de saúde, educação e todos os outros serviços indispensáveis ao bem-estar do brasileiro.
Somente com o “Esquema dos Sanguessugas”, desvendado este ano, 100 milhões de reais que deveriam servir para a compra de ambulâncias foram destinados ao financiamento das mordomias e campanhas eleitorais de deputados e senadores. Estima-se que a fraude contou com a participação de quase cem parlamentares, pertencentes a praticamente todos os partidos políticos.
Os sanguessugas são somados aos mensaleiros, anões, e outra centena de adjetivações próprias do abrangente “dicionário corrupto” que tomou conta do linguajar brasileiro. Sem computarmos ainda as incontáveis evidências que nem mesmo chegam a ser investigadas.
E o estudo dos alunos da UNB não é um caso isolado. Inúmeras sondagens atestam e até aprofundam os números comprobatórios da ausência de credibilidade pública da classe política nacional. Numa pesquisa nacional realizada pela revista "Seleções" e o Ibope em maio deste ano, avaliando a credibilidade das categorias profissionais, os homens da política amargaram o último e merecido posto com apenas 2% no índice de confiança da população.
Mas diante do mau exemplo daqueles encarregados de conduzirem os Poderes republicanos do país, surge uma série de inconveniências adicionais. A crise de confiança tem desencadeado a abnegação pela Política e demais assuntos relacionados à esfera pública. Em outras palavras, valores inquestionáveis como o amor ao País e a preocupação com a vida de seus conterrâneos, sedem espaço a uma avalanche de práticas mesquinhas e desleais; e com isso abrem terreno para a proliferação do famoso e repudiável “jeitinho brasileiro”.
A descrença poderia ser muito valorosa, desde que despertasse nos brasileiros o desejo audacioso por uma verdadeira alteração dos padrões e na conduta dos eleitos. Porém, percebe-se que ela acabou se transformando, unicamente, em ingrediente complementar da “massa”. E inchando, por conseguinte, o bolo de penúrias inaceitáveis da política brasileira.
1 Comments:
Duas coisas:
1) Esses 91% da pesquisa, além dos outros 9%,são tão culpados pela corrupção no País quanto os corruptos, seja pela inércia reinante, seja pelo fato de que, aqueles dentre eles que chegarrem a ocupar cargos públicos, provavelmente repetirão as mesmas práticas;
2) Ainda tem 2% de idiotas dando credibilidade a político, é?? Vixe, cremdeuspai, a coisa tá tronxa mesmo.
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