Desde o primeiro ano de faculdade o candidato a jornalista é forçado a se familiarizar com o termo “operário da notícia”. Seja extraído de enciclopédias teóricas da comunicação, ou simplesmente em relatos de profissionais conhecidos do Jornalismo e tradicionalmente filhos do batente.
No entanto em nenhuma dessas oportunidades tive a chance de perceber com tamanha nitidez como essa dinâmica do cotidiano funciona, se é que se pode considerar assim o fazer jornalístico, como quando passei a colocar os pés todos os dias dentro de uma redação.
Tudo bem que o Jornalismo contemporâneo, mesmo para os menos pragmáticos, é peculiarmente marcado por uma tendência ao engessamento habitual da notícia; mas em algumas ocasiões essa prática antiquada é desenvolvida em demasia por certos colegas de profissão.
A disposição à publicação de notícias “prontas”, tais quais as informações estão anunciadas em pautas ou releases é uma realidade cada vez mais presente nas páginas dos periódicos atuais; sobretudo, e quem acompanha atesta isso, nos matutinos da Paraíba.
Os verbos checar, andar, procurar, dividir, somar, decodificar, ligar... estão a cada dia perdendo a sua usualidade.
Em contrapartida, prefere-se o ‘colar’, sempre acompanhado do hábito de permanecer horas e horas sentado numa poltrona macia e com o rosto repleto de maquiagem.
Não se caminha pelas ruas, muito menos se respira a zona periférica da cidade. O carro de vidro alto e o salto do sapato viraram definitivamente acessórios inseparáveis desse tipo de profissional da elite, acostumado aos holofotes medíocres dos poderosos.
Sobre esse assunto li há dias uma entrevista com Caco Barcellos onde ele comentava sobre a indisposição que toma conta da maioria das redações. Indagado sobre o segredo para ter produzido Abusado e Rota 666, ele apenas relatou que a persistência e o convívio com a camada mais pobre da sociedade foram os responsáveis pelas obras.
E é exatamente a ausência de mobilidade e de contato com as fontes que vem contribuindo para o definhamento da qualidade de nossa imprensa. Porque pouco a pouco a designação ‘Operário’ da notícia vai sendo jogada ao relento.
A safra de perseguidores de notícias está há tempos ameaçada, já que grande parte daqueles que se dizem da imprensa já não merecem nem mesmo o título que há tantas épocas lhes fora concedido.