Esta coisa parecida com uma crônica é direcionada aos meus queridos conterrâneos varzeenses. Ela faz referência direta ao nosso finado tópico “Eu gostaria que Várzea tivesse...”, que tivemos a iniciativa de postá-lo na comunidade Várzea-PB tempos atrás; e que fomos forçados a destruí-lo por causa de alguns motivos que poderão ser compreendidos, inclusive, nas entrelinhas dessa “Nota de falecimento”.
Nota de falecimento
Seu T.................. não veio ao mundo por acaso. Mesmo antes disso, sua família já lhe previa uma missão. Mudar o mundo? Acabá-lo? Nem de longe. Contribuir para a sua melhoria? Talvez, ainda difícil... Pois de seu pai não poderia receber o dom da magia. Era pessoa pública, de acesso fácil! Dependeria, dessa feita, da sensatez de seus conterrâneos e conhecidos.
Nas últimas semanas vinha sofrendo em virtude de transtornos nervosos e da ingestão de alimentos inoportunos. Diversas foram as ocasiões em que teve sua vida colocada a apostas pelos que o acompanhavam de perto, e até mesmo por seus familiares. Mas resistia alimentando a aspiração de que, no futuro, pudesse ter vida plena. Os parentes até tentaram esconder o diagnóstico médico, mas não houve jeito. Ontem, porém, às 23h35min, depois de muitas convulsões e agonias faleceu aos 63.
De certo deixou a saudade e o apego para a sua família. Ao pai, ainda inconformado com seu desaparecimento, choro, angústia e decepção em perder o único filho que tivera. Aos que com ofensas o caluniaram, provavelmente agora embebidos pelo riso inconseqüente da irracionalidade, o sentimento fajuta do dever cumprido.
Porque muitos foram aqueles que conheceram Seu T.................... pessoalmente. Alguns de vista rápida; outros, mergulhados em covardices, por vigiarem-no diariamente; uns pouquíssimos por terem tido a coragem de deixarem na história dele um pedaço do caráter.
Cidadão legítimo varzeense, seu T.................. consagrou toda a sua existência à terra onde era nascido. E com um detalhe: de olhos e cérebro abertos, voltados para as atrocidades que aquele torrão sofria. Jamais foi cúmplice da omissão. À baixaria e ao ridículo, manteve-se avesso.
Caso ainda estivesse entre nós, exclamaria aos que apedrejaram-no com desdouro:
-- “Pai, perdoe-os porque eles não sabem o que fazem!”.
Pobre coração sem mágoas e desinfectado de rancores mundanos. Nem imaginava quanto ódio, debilidade e desafeto iria despertar durante sua ligeira passagem aqui por esta terra.
Contudo, seu legado será de proveitos. E terminado o seu velório restarão também júbilos de alegria e de esperança. O enterro, ao inverso dos tradicionais nos quais os que ficam querem se ver livres depressa do ente ido, ficará somente para após o sétimo dia. Por último, seu pai colocará por escrito o testamento e uma dedicatória que será distribuída a todos que conheceram Seu T....................... . Nela estará estampado para que todos saibam: “Este lutou pela vida. Sua batalha servirá para nós de princípio para que possamos um dia sairmos vencedores e , finalmente, livres da guerra” .