Uma doença chamada Miséria
João Paulo Medeiros
Se o mundo fosse um humano, certamente estaria há tempos em risco de vida. E o pior: caso residisse aqui no Brasil, estaria aguardando pela gigantesca fila da UTI. Porque a depender de médicos com boa vontade em socorrê-lo...
Estima-se que 3 bilhões de pessoas estão neste momento vivendo com menos de 2 dólares por dia. O dado foi publicado num estudo realizado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT). Em termos menos pragmáticos, metade da população mundial se encontra abaixo da Linha da Pobreza; um dos conceitos mais utilizados para definir quem não tem renda suficiente para preencher a panela com alguma coisa que se conduza à boca.
Números absurdos, de uma realidade indescritível.
Talvez seja essa a mais terrível das patologias. A fome, a exclusão do resto da sociedade economicamente ativa, o desespero por uma vida miserável transformam a criatura humana num animal selvagem na luta pela sobrevivência. Independentemente de nacionalidade, credo religioso, descendência ou particularidades psicológicas.
Infelizmente, lá fora os brasileiros também são conhecidos pela sua disciplina nesse quesito. Tanto quanto somos lembrados pelo futebol, pela nossa destreza com o samba, ou mais ainda como artífices da corrupção e do jeitinho brasileiro. Aqui 42,570 milhões passam fome ou não têm as condições necessárias para administrar a vida dignamente, escancarou aos olhos de todos a Fundação Getúlio Vargas.
As imagens que serão exibidas a seguir estão longe de representarem à risca a verdadeira aberração humana dos dias atuais. Foram produzidas por um grupo de universitários desconhecidos, talvez até pouco sensíveis à causa; semelhante ao que ocorre com uma grande quantidade de cabeças ociosas que engrossam as academias brasileiras.
Mas elas podem e devem fazer com que pensemos em nossa própria inatividade perante o problema.
Oxalá fôssemos todos cirurgiões, a madrugar nas ruas pela efetivação dos direitos individuais de cada um dos que estão “enfermos”. Dos oprimidos e injustiçados. Daqueles que, nem ao menos, por muitas vezes, se reconhecem e são reconhecidos como gente.